Equipado à Sporting da Covilhã, eis o Rita, o guarda-redes algarvio cuja carreira oscilou entre o Covilhá e o Benfica e que o gelo de Dortmund atraiçoou fatalmente numa célebre noite de "desgraça" e pesadelo materializada em cinco golos sofridos contra um apenas marcado.
Todos sofridos pelo valente e extremamente elegante Rita cujo nome se juntou assim, no imaginário [e, de uma forma mais geral, na mitologia] benfiquistas, a outros igualmente malditos como o de Melo ["condenado" por quatro golos do Lourenço num jogo que ditou o término da minha ligação física ao antigo Estádio da Luz que jurei---e cumpri!---nunca mais voltar a frequentar enquanto me lembrasse da decepção sofrida...] e mais modernamente e de Moreira.
Pelo meio houve outros guarda-redes cuja memória passa sempre [como dizer?] entre a de outras figurais "sacras": referenciais mas, sobretudo, reverenciais: Sebastião, Rogério Contreiras, Manuel Joaquim [o "Mãos de Ferro"], Zé Bastos [o "Rei do Sono" ou o "Mosca Tonta"], Barroca, Botelho, Dias Graça, Jorge Martins...
Voltando ao Rita: era [escrevi "era" porque dizem-me amigos da Covilhã que faleceu no Brasil, deixando um neto que joga futebol, também] um guarda-redes extremamente elegante a jogar, valente nas saídas, que gostava de jogar "para a fotografia" [algo que obviamente só podia deixar fascinado o miúdo que eu era à altura...] não demasiado seguro, um guarda-redes "de engate", como à época se dizia para referir um guardião capaz do melhor e do pior [ao contrário de outros como o famigerado Roberto que, na espirituiosa descrição de um cartoonista se define por ser capaz do pior e do... ainda pior...]
Usava o Rita [houve ao mesmo tempo outro Rita, no Caldas] que então se designava por "um bigodinho à malandro", muito comum entre os brasileiros [Otto Glória trouxe consigo um que ficou célebre] e os espanhóis: galã espanhol [de facto, de um modo mais geral, latino] que se prezasse [Alberto Closas, Amadeo Nazzari, Arturo de Cordoba ou até António Vilar] não dispensava o bigodinho "à malandro" que o bom do Rita na imagem que acompanha esta evocação orgulhosamente ostenta e com o qual entrou, aliás, para todo o sempre, no meu imaginário pessoal...
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