Insiro aqui esta "Balada de Bonnie & Clyde" [uma canção que chegou a gozar de uma enorme popularidade à época] interpretada por um hoje praticamente esquecido Georgie Fame, por mera curiosidade.
Na realidade, musicalmente a "coisa" até tem uma certa graça [e até é capaz de ter encontrado um ritmo que não é de todo alheio ao do póprio filme] mas que, globalmente está longe de fazer a este a justiça que merece, designadamente ao espírito que Arthur Penn e a talentosíssima e inovadora montadora Dede Allen, plasmaram nele.
Basta estar atento à letra para se perceber que não passa de uma mera repetição da versão moralista, bem-pensante e... canónica de um motivo que o cineasta talentoso, ousado, esclarecido e inovador que foi Penn quis converter numa estória de trágica marginalidade integrada numa lucidíssima e sempre subtil análise por ele feita no filme dos mecanismos económicos, sociais e até políticos de enquadramento e condicionamento dos indivíduos.
Algo que está, de facto, muito para além de uma canção "engraçada" e que "se ouve, em última análise, muito bem"---mas nada mais do que isso, realmente...
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