Envia-me a Márcia Cristina Hungenbühler um poema que eu desconhecia de José Gomes Ferreira mas que me permito republicar aqui com particular emoção [e intenção!] numa altura em que a Grécia [a pátria da democracia ocidental, não o esqueçamos!] nos dá novo exemplo de insubmissão cívica e lucidez política ao vir para a rua questionar o tipo de "solução" [mais uma vez!] encontrada pelo capitalismo internacional através dos seus Fundos Monetários, "Europas" e quejandos para a "solução" de problemas criados precisamente pela sua inqualificável gestão da coisa coisa pública nos vários países onde os temos deixado operar à vontade, delapidando levianamente riquezas e esperanças, malbaratando, de forma criminosamente irresponsável e globalmente suicidária, qualquer perspectiva de futuro minimamente consistente e justo para todos nós.
Ensinam-nos os gregos que é preciso vir para a rua mas vir para a rua a sério, lutar por uma nova ordem cívica, económica e política, sem "Europas" de cartão feitas em segredo---uma ordem em que as pessoas contem mais do que as contas bancárias de meia-dúzia de corruptos travestidos de empresários e políticos e a segurança dos cidadãos não seja regularmente jogada aos dados nos conselhos de administração das multinacionais ou na caixa forte de bancos sem lei e sem escrúpulos.
Não Traio
(boca cerrada de raiva)
Não traio.
Porque insistes?
Não traio.
Desde criança que meu Pai me ensinou
não haver tempestade
na terra ou nos céus
que não traga
a praga
de um falso herói
salvador da Cidade.
Ou a esperança de um semideus
com um raio
na Mão
que tudo destrói
para pintar depois o sol e o Chão
de outra realidade.
Mas nunca encontrarás traidores entre os que sempre como eu sonhamos combustões
de novas flores
com pétalas de asas de liberdade
que só nascem e crescem regadas pelos gritos e lágrimas
das multidões.
Povo, continua!
Não pares a tua tempestade.
José Gomes Ferreira
(boca cerrada de raiva)
Não traio.
Porque insistes?
Não traio.
Desde criança que meu Pai me ensinou
não haver tempestade
na terra ou nos céus
que não traga
a praga
de um falso herói
salvador da Cidade.
Ou a esperança de um semideus
com um raio
na Mão
que tudo destrói
para pintar depois o sol e o Chão
de outra realidade.
Mas nunca encontrarás traidores entre os que sempre como eu sonhamos combustões
de novas flores
com pétalas de asas de liberdade
que só nascem e crescem regadas pelos gritos e lágrimas
das multidões.
Povo, continua!
Não pares a tua tempestade.
José Gomes Ferreira
Sem comentários:
Enviar um comentário