Quando, a propósito de "Mon Oncle", de Tati, falo, noutro lugar deste mesmo "Oeste", de uma atmosfera ou espírito de "fim-de-era", i.e. de um "Zeitgeist" de melancólica intuição de termo de [ou para] uma certa 'ideia/representação sensível, subjectiva, de História' que tínhamos por segura e que, de repente, entra dramaticamente em crise e inicia um processo de fatal desintegração de onde as antigas referências, físicas e mentais, se começam, por sua vez, a ausentar visível e, sobretudo, demonstravelmente; quando, dizia, aludi noutra 'entrada' do "Oeste" a esse fenómeno [que Chabrol aborda de um outra perspectiva mais analítica e mais racionalizada---mais política!---em "Landru", por exemplo, no âmbito da I Guerra Mundial] poderia [de facto, deveria!] ter falado [além, claro, de Fitzgerald, um dos que primeiro se terão dado conta da amarga impossibilidade de um "sonho" verdadeiramente "americano": a "regular contradiction in terms"...] desta pintora, Tamara de Lempicka, onde, de algum modo, [perfeitamente reconhecível, aliás] todas ou quase todas daquelas características de melancolia e estóico contido [sublimado] desespero que se ligam dilacerante intuição/percepção de Fim impendente se tornam terrivel [se tornam fascinatoriamente!] visíveis [visuais!] e se fixam num universo deslumbrante de formas e cores completamente viradas para os sentidos e ocupadas por eles---um mundo onde as formas começam já, elas próprias, a diluir-se numa girândola de sensualidades instavelmente descentrais, deliberadamente excêntricas, discrepantes e desafiadoras de onde uma espécie de trágica e exausta conformação com a irreversibilidade do destino ocupa um lugar proeminente, dificilmente não apercebível.
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