sábado, 13 de fevereiro de 2010

"Ecologia e Florinhas..." [Por rever]

Uma brevíssima experiência como [muito modesto!] autarca, permitiu-me, entre outras lições, perceber o modo como na opinião de um certo cidadão médio [de um certo "monsieur Tout-le-monde" nacional] em última análise, qualquer [anti] modelo de des-ordenamento urbano e/ou urbanístico assim como, no fundo, qualquer tipo de atentado a uma lógica verdadeiramente sustentável de crescimento [urbano-urbanístico mas não só] é "remível" com recurso à criação da famigerada figura-alibi dos "espaços verdes".
Impermeabiliza-se com construção uma extensão xis de terreno que devia servir como zonas-tampão para efeitos de oxigenação e absorção das águas pluviais?

Constrói-se-se-lhe ao lado um "espaço verde".

Descaracterizam-se ruas, bairros, vilas, cidades inteiras com verdadeiras monstruosidades arquitectónicas [?]---"pós-modernices" inomináveis que rompem com o que quer que ainda fosse possível ter conseguido conservar de equilíbrio organizacional e estético anterior?

"Não faz mal" se [adivinharam!] ali perto se construir um... "espaço verde engana-tolos" qualquer que, de imediato, legitima a barbaridade!

O argumento é muito "americano": as defesa da livre iniciativa e/ou o carácter sacrossanto da propriedade.

Por toda a parte se descentram e tornam completamente in-orgânicas cidades que, durante anos lograram, fosse como fosse, conservar ainda um quam satis de equilíbrio urbanístico mas de igual modo psíquico e até social; de harmonia estética, potencial factor de vários tipos equilíbrio natural [a ecologia é, decididamente, muito mais do que flores e folhinhas verdes "estrategicamente" dispersas, implantadas entre manchas de indescritível selvajaria urbana e social] porque é preciso "avançar com os tempos e responder às aspirações individuais e colectivas das sociedades «modernas» no sentido do acompanharem o movimento do «progressso» e do «desenvolvimento»" e por aí adiante.

Planificação mesmo apenas mínima [mesmo apenas como intenção ou sinal político] do desenvolvimento e do progresso como pressuposto nuclear de desenvolvimento e de progresso, "é mentira", como dizem os jovens de hoje.

Vivemos, como tantas vezes, tenho dito, numa falsíssima "sociedade do conhecimento" cujas formulações básicas e essenciais de natureza organizacional estrutural nunca estão como naturalmente só poderiam estar se fôssemos, de facto, a tal "gnoseotopia" ou "sociedade gnoseotópica" que muitos [porque há muita tecnologia em circulação" no seu interior] se obstinam em garantir a pés juntos que somos [ou que estamos, pelo menos em vias de ser] estrita mas não estreitamente submetidas a modelos estruturais/estruturantes ditados pelo conhecimento realmente científico mas tão-somente às determinações autónomas da propriedade e dos [aqui sim: estritos e frequentemente estreitos!] interessses proprietários.

Mais: o modelo de organização autárquica foi sendo, de tal modo, descapitalizado que apenas vai logrando sobreviver através da negociação prática dos seus poderes com os interesses privados[designadamente, como se sabe, dos da construção civil] o que sob muitos aspectos vai deixando aquela gradualmente refém dos interesses desta e da sua possibilidfade de gerar continuamente capital.

Câmaras municipais há que existem apenas---e pouco lhes falta, aliás, já para admiti-lo expressa e publicamente, inscrevendo-o exactamente no tal projecto supostamente "moderno" de "desenvolvimento" e "fomento do progresso"...] porque existem os tais interesses e para serem utilizadas como "broker" e/ou "corretor" objectivo deles---à semelhança, de resto, do que acontece com os paradigmas correntes de Estado central, os quais fizeram precisamente a sua triunfal entrada na "Pós-modernidade", celebrando com trombetas a transformação final do Estado-nação moderno no "Estado... almocreve" ou "Estado funcional" que é hoje-por-hoje a modalidade vulgar de Estado vigente na "Europa"---e um pouco por toda a parte, afinal.

Com as consequências ou os efeitos [económicos, sociais, políticos, cultu(r)ais, ambientais, etc.]que se conhecem...

Ora, aquilo que eu digo é que a Ecologia não é [não pode ser!] uma espécie de carro-vassoura dos interesses, destinado a ir atrás dele tapando buracos que ela, uns metros [ou quilómetros?...] à frente vai abrindo.

Isso é mera... "decologia" ou ecologia "decorativa": florinhas, meia dúzia de árvores, umas "coisas" de madeira em lugar de outras de aço ou ferro.

A Ecologia [com maiúscula!] tem de ser muito clara e muito consistentemente o ramo do Conhecimento [da Ciência!] usado pelo poder Político [igualmente com maiúscula quando finalmente lograrmos, como sociedade, possuir um!] como o elemento de ligação orgânica indispensável, nuclear, entre aquele mesmo Conhecimento e a realidade organizacional humana ---que é como quem diz: entre as sociedades humanas onde quer que elas se encontrem e a respectiva possibilidade objectiva, material, concreta, de, a prazo, pura e simplesmente, subsistirem.

Tem de ser, por outras palavras, um pressuposto absolutamente essencial [e essenciante!] de desenvolvimento---não um alibi ou uma mera circunstancialidade móvel---e instrumental aplicada a posteriori algures "a gosto" no curso do 'circuito desenvolvimental' para "decorá-lo" e torná-lo exteriormente tragável; para dar a ideia de estar o mesmo completamente "legitimado"---aos olhos, pelo menos daqueles que olham para estas coisas da sustentabilidade do planeta e da Vida---para a questão vital da Biose---com o olhar tipicamente calino e invariavelmente aborregado e imbecil do consumo.

Como é típico-e-tópico daqueno caso da "ecologia por florinhas e raminhos verdes" que vemos... florir por toda a parte---sobretudo onde [e quando] há poder económico por perto...

Estava eu a pensar, mais uma vez, em todas estas ingentes e urgentes questões asociadas à sobrevivência humana quando leio no "Público" de 12 de Fevereiro de 2010, sexta-feira, uma notícia assinada por Aníbal Rodrigues, intitulada "Multas até 47.500 euros para quem "urinar e defecar" fora dos locais próprios nos parques de Gaia".

Um sinal---um dos tais sinais de ideal vontade política de que atrás falo para afirmar que faltam por toda a parte entre nós?

Aparentemente sim só que...

... Só que, informa perto do seu final o artigo o Regulamento que prevê as multas existe mas não a guarda florestal que deveria naturalmente fazê-lo cumprir!
"Somos", diza o presidente do Parque Biológico de Gaia, "provavelmente o único país do mundo que não tem guardas florestais"!


Mais uma vez, portanto, aparecemos ao mundo mas, sobretudo, a nós próprios como País, aquele que tem as melhores leis que, todavia, ninguém sabe como fazer passar à prática que é onde as leis devem estar...

Leis que por isso ninguém pensa verdadeiramente em cumprir---o que, aliás, de um certo ponto de visto subjectivo e cultu(r)al, consegue ser pior ainda do que não tê-las dando-se, assim, alegremente continuidade e corpo à sociedade de... "pouco-mais-ou-menos" que, como País, nos obstinamos tenazmente em permane-ser...

Mais: parece [diz o autor do artigo, citando o presidente do Parque Biológico de Gaia] que, além da falta do tal corpo de guardas [que já existiu, aliás, em tempostendo sido levianamente devorado por uma reforma qualquer, entretanto, concebida por um idiota e incompetente não menos "qualquer", eleito por obra e graça da "Imbecilocracia" reinante em Portugal há vários anos, em "Político" e/ou "Homem de Estado"] agora é, também, a "tal Europa" que era suposto "levar-nos à glória" [senão mesmo, segundo alguns mais entusiastas, ao... "êxtese civilizacional"...] que não prevê "fundos" para a criação de "espaços verdes"...

Dos "de brincar" como, imagino, dos que o não são---daqueles espaços-pulmão urbanos e inter-urbanos estratégicos que, há muitos anos, sempre clamando, aliás, no deserto, vêm preconizando figuras e personalidades como o Arq. Ribeiro Telles.

De nenhum!

Não há, meus amigos, dinheiro "europeu" para "espaços verdes", ponto final!

Há para muita coisas, boa e má, mas para conservacionismo, "está de chuva"!...

Um quadro triste e inquietante, este, pois.

Agora só faltava mesmo que o "tal Berlusconi" [que, aqui entre nós que ninguém nos ouve, cá para mim serviu de inspiração e modelo àquele ridículo "Capitano Bertorelli", mulherengo e poltrão, de "'Allô! 'Allo"!...] entre dois 'borrachinhos' protegidos, uma orgia "badalhoca" qualquer e um par de murros encaixados na "fronha", dados com a catedral de Milão em punho, se lembrasse que "giro, giro" era a Itália "papar" agora umas centraizinhas nucleares "com batatas fritas" que era uma beleza!

'Ele' há agora até umas muito giras que...

[Imagem extraída com a devida vénia de lfb.org.images]

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